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quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Twitter e Facebook conquistam um lugar na primeira fila dos desfiles e marcas de moda abraçam (e capitalizam) as redes sociais



O maior debate da última rodada de desfiles não foi sobre as tendências do próximo verão, os cenários incríveis ou mesmo as celebrities. Foi sobre como as redes sociais (blogs, YouTube, Facebook, Twitter e afins) se tornaram da noite para o dia parte integral de como os marcas de moda enviam sua mensagem ao público.

Os desfiles de setembro e outubro foram o primeiro sinal do que o elitista universo de moda pode logo se tornar: um negócio em que estilistas levam suas coleções diretamente aos consumidores, não mais filtrados por editores de moda das revistas ou compradores de multimarcas. Os clientes poderiam ver a coleção ao vivo online e decidir o que vão comprar dando feedbacks instantâneos por essas ferramentas.

Os estilistas Domenico Dolce e Stefano Gabbana até tiraram alguns compradores de seus lugares na primeira fila para dar as cadeiras a quatro blogueiros de moda _Tommy Ton, Garance Doré, Scott Schuman e Bryan Yambao_ e instalou laptops para que os escritores pudessem blogar e twittar durante o desfile.

“Blogs são muito importante para nós”, diz Stefano Gabbana. “Nós sempre os mantemos informados com as novidades e sempre visitamos suas páginas por que representam uma forma rápida e espontânea de conseguir informação com frescor”. Eles ainda publicaram vídeos diários no YouTube durante as semanas que antecederam o desfile, um pouco para informar os fãs sobre a coleção e um pouco para conseguir um retorno antes do grande evento.


O desfile em si foi transmitido ao vivo no site da grife e no canal Fashion TV, com câmeras na passarela, no backstage e na chegada dos convidados. Quando foi publicado mais tarde no canal Dolce & Gabbana do YouTube, subiu no ranking e foi o mais visto do site nas 24 horas seguintes. “A Internet, para as marcas de luxo, não é o futuro, é o presente”, diz Domenico Dolce.

Outras marcas de moda usam diferentes funções das mídias sociais: Yves Saint Laurent e Stella McCartney estão no Twitter, a Louis Vuitton transmitiu o desfile ao vivo e o estilista inglês Roland Mouret gravou seu desfile com 28 câmeras na passarela e no backstage para que os espectadores online pudessem escolher como assistir depois. E, num exemplo real do poder das mídias sociais, um tweet de Lady Gaga levou tanta gente a clicar no link da transmisão ao vivo do desfile de Alexander McQueen que o servidor do site caiu.

“Algumas marcas de luxo fogem de todo o universo social digital por que querem controlar suas marcas”, diz Tomas Gonsorcik, diretor-estratégico da consultoria Interaction London. “E as redes sociais funcionam completamente contra isso”, avisa. “A aposta mais segura para uma marca de luxo que está apenas começando a conhecer as redes sociais é a blogsfera”, diz Gonsorcik. “Blogs estão por aí há dez anos e hoje alguns donos dos domínios mais conhecidos são bem formados em sua área de atuação jornalística”.

Mas mesmo os blogs foram afetados por softwares como TweetDeck e Twitterfox, que atualizam o Twitter e o Facebook simultaneamente, ou o Social Oomph, que prevê a publicação de posts e tweets _acelerando as redes sociais a uma velocidade supersônica.

“O Twitter pode ser a morte do meu blog”, diverte-se Bryan Yambao, se referindo a seu BryanBoy.com. “A intensidade mudou bastante agora –tudo é tão instantâneo que as pessoas estão entediadas com as coleções antes mesmo delas chegarem às lojas. Eu penso se já não é o tempo de desacelerar”.

GUCCI VIRA O JOGO E USA INTERNET CONTRA A PIRATARIA

Numa missão para valorizar a herança da marca e lutar contra a falsificação, especialmente a feita online, a Gucci anunciou uma dramática nova estratégia em colaboração com a casa de leilões Christie’s. O projeto inclui a abertura de um museu da Gucci em Florença no próximo ano, a tempo do aniversário da marca em 2011, e um processo de avaliação online para colecionadores e clientes.

“Este novo serviço oferece uma área de confiança para transações de itens vintage da Gucci, assim evitando recorrer a sites de leilão sem nosso controle, como o eBay”, diz Patrizio di Marco, presidente da Gucci. O site “Gucci Collector” oferece uma prova virtual das peças. Previsto para estar funcionando ainda no final deste ano, o site é também uma seção na página da Christie’s, onde pessoas procurando informação podem subir imagens para examinação. A Gucci e a Christie’s são parte do conglomerado de luxo PPR.

Por Suzy Menkes, com exclusividade para a Marie Claire no Brasil

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